Como Consultor Empresarial em formação, na manhã seguinte, Jorge chegou cedo ao hotel. O saguão, que no dia anterior parecia apenas um local de passagem, agora estava transformado em um espaço de aprendizado. Cadeiras dispostas em semicírculo, flip charts e uma mesa central com materiais de apoio indicavam que ali aconteceria algo especial. Jorge percebeu que estava prestes a participar de um treinamento conduzido pelo Professor Reed.
Clóvis estava à frente, organizando alguns papéis sobre a mesa. Ao ver Jorge, ele acenou com um sorriso.
— Bom dia, Jorge. Hoje é um dia importante. Você está prestes a vivenciar um dos pilares da consultoria. O Professor Reed chegará em breve, mas quero que você leia algo antes.
Clóvis entregou a Jorge uma folha de papel. No topo, em letras elegantes, estava escrito: “O Primeiro Pergaminho do Consultor”.
— Leia em voz alta, por favor — pediu Clóvis.
Jorge respirou fundo e começou a ler:
“A consultoria é a arte da escuta e da compreensão. Antes de apresentar soluções, o consultor precisa ouvir atentamente, entender os desafios e se colocar no lugar de quem enfrenta o problema. Sem uma compreensão profunda, qualquer recomendação será vazia.”
Ele terminou a leitura e olhou para Clóvis, que sorriu.
— Parece simples, mas é a base de tudo. Muitos consultores cometem o erro de querer apresentar soluções rápidas antes de realmente compreender a empresa, a equipe e a cultura. Seu primeiro desafio é aprender a ouvir com profundidade.
Antes que Jorge pudesse responder, a porta se abriu e o Professor Reed entrou, trazendo consigo uma presença que imediatamente capturou a atenção de todos.
— Vejo que já começamos — disse Reed, com um sorriso tranquilo. — Então, Jorge, diga-me: como você pretende desenvolver essa habilidade essencial?
Jorge refletiu por um momento antes de responder:
— Quero aprender a fazer perguntas certas, entender os reais desafios das empresas e praticar a escuta ativa. Não apenas ouvir o que é dito, mas também compreender o que não está sendo dito.
Professor Reed assentiu, satisfeito.
— Excelente resposta. Vamos praticar com um caso real.
O Dilema da Empresa Asiática
Clóvis pegou uma nova folha de papel e começou a descrever uma situação que enfrentaram recentemente.
— Há alguns meses, fomos chamados para ajudar uma empresa na Ásia que estava passando por uma reestruturação crítica. A empresa, que atuava no setor de tecnologia, enfrentava um dilema: precisava fazer mais com menos pessoas. A solução proposta pela diretoria era unificar duas equipes, mas isso significava ter dois gerentes para uma única equipe. O desafio era decidir o que fazer com esses dois líderes.
Jorge franziu a testa, interessado.
— O que aconteceu? — perguntou ele.
— Bem — continuou Clóvis —, a primeira reação da diretoria foi pensar em demitir um dos gerentes. Mas, ao aplicarmos o CVAT e ouvirmos atentamente todos os envolvidos, percebemos que a solução não era tão simples. Ambos os gerentes tinham habilidades valiosas, mas em áreas diferentes. Um era excelente na gestão de pessoas, com uma capacidade incrível de motivar e liderar equipes. O outro era um especialista técnico, com profundo conhecimento dos processos e da operação.
Professor Reed interveio:
— A sugestão que oferecemos foi aproveitar as habilidades de ambos. Propusemos que um dos gerentes assumisse a gestão da equipe, focando em motivação, liderança e desenvolvimento de pessoas. O outro ficaria responsável pela parte técnica, garantindo que os processos fossem eficientes e alinhados às metas da empresa.
Jorge ficou impressionado.
— E funcionou?
— Mais do que isso — respondeu Clóvis. — A empresa não apenas resolveu o dilema, mas também viu um aumento significativo na produtividade e no engajamento da equipe. Foi um exemplo clássico de como a escuta ativa e a compreensão profunda podem transformar um problema em uma oportunidade.
A Lição do Pergaminho
Professor Reed olhou para Jorge e disse:
— Agora é a sua vez. Se você estivesse diante desse dilema, que perguntas faria para entender melhor a situação?
Jorge pegou um bloco de notas e começou a rabiscar rapidamente. Ele pensou nas palavras do pergaminho: “A consultoria é a arte da escuta e da compreensão.” E então, começou a listar:
Quais são as principais habilidades de cada gerente?
Como a equipe enxerga esses dois líderes?
Quais são os maiores desafios operacionais e de gestão que a empresa enfrenta?
Existe espaço para realocar um dos gerentes em outra área?
Como a cultura da empresa pode influenciar essa decisão?
Professor Reed sorriu ao ver a lista.
— Excelente, Jorge. Você está no caminho certo. Lembre-se: as perguntas certas são a chave para soluções eficazes.
A Aplicação Prática
Enquanto o treinamento continuava, Jorge não conseguia parar de pensar no caso da empresa asiática. Ele viajava mentalmente para aquela sala de reuniões, imaginando como seria estar diante daqueles dois gerentes, ouvindo suas histórias, entendendo suas motivações e medos. E, mais importante, ele começava a compreender como o CVAT poderia ser aplicado não apenas para resolver problemas, mas para transformar vidas.
No final do dia, Clóvis entregou a Jorge uma cópia do primeiro pergaminho.
— Guarde isso com cuidado — disse ele. — Essas palavras serão seu guia em cada projeto que você enfrentar.
Jorge segurou o pergaminho com uma mistura de gratidão e determinação. Ele sabia que aquela era apenas a primeira lição de muitas, mas já podia sentir que estava no caminho certo.
Jorge achava que tinha aprendido uma grande lição… e tinha. Mas o que ele ainda não sabia é que o próximo passo exigiria mais do que escuta ativa — exigiria a capacidade de ir fundo, de enxergar além do que é dito.
No Segundo Pergaminho, ele descobrirá o que realmente diferencia um bom consultor de um excelente solucionador de problemas.
Você está pronto para mergulhar além da superfície?
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