Ao longo da minha trajetória profissional, vivi situações que me marcaram como líder e que até hoje trago para minhas reflexões como Mentor Comportamental. Uma delas aconteceu quando fui supervisor de uma equipe de campo bastante numerosa: cerca de 80 técnicos e assistentes administrativos próprios e mais 120 profissionais contratados, sobre os quais eu ainda acumulava a atribuição de Fiscal de Contrato.
Era uma responsabilidade imensa. E, como qualquer líder, eu também precisava me ausentar em determinados momentos — fosse por férias, cursos de capacitação, afastamentos médicos ou outras situações inevitáveis.
Foi nesse contexto que descobri algo valioso: nem todos se sentem preparados para assumir a liderança quando o titular se ausenta. Para minha surpresa, algumas pessoas aceitaram prontamente o desafio de me substituir, encarando a oportunidade como uma chance de crescimento. Outras, no entanto, preferiram recusar, alegando não se sentirem à altura. Ambas as reações são legítimas e dizem muito sobre a diversidade de perfis dentro de uma equipe.
O que acontece quando o líder não está presente
A ausência de um líder pode gerar efeitos imediatos no time:
- desorganização das tarefas e prioridades,
- dificuldades na tomada de decisão,
- queda de motivação,
- conflitos internos,
- impacto direto no atendimento aos clientes e nos resultados da organização.
Esses sinais deixam claro quando não existe preparo para a sucessão. Mas, felizmente, descobri que havia talentos escondidos, prontos para agir, desde que tivessem espaço e respaldo.
Quatro substitutos que fizeram a diferença
Lembro-me de quatro situações marcantes, em épocas diferentes, que reforçaram minha visão sobre a importância de preparar pessoas para assumir responsabilidades:
- Carlos, um técnico experiente, foi o primeiro a me substituir durante minhas férias. Aceitou o desafio com seriedade e conseguiu manter a equipe no ritmo certo, mostrando que disciplina e organização podem compensar a falta inicial de experiência em liderança.
- Roberto, por outro Iado, assumiu quando precisei me afastar para um curso de capacitação. Sua habilidade de comunicação e proximidade com os colegas fez toda a diferença. Ele não apenas manteve a ordem, mas motivou o time, mostrando que empatia também é uma poderosa ferramenta de liderança.
- Fernanda, assistente administrativa, surpreendeu a todos quando assumiu a supervisão durante um afastamento médico. Muitos não acreditavam que ela daria conta de coordenar técnicos de campo, mas sua firmeza e clareza nas orientações mostraram que liderança não depende de gênero nem de cargo, mas de atitude.
- Marcos foi quem se destacou em uma situação mais delicada. Eu passei por um momento pessoal de grande impacto, e ele, sem que eu pedisse, tomou a frente espontaneamente. Sua iniciativa mostrou que um substituto não precisa esperar ser convocado: quando percebe que o líder está fragilizado — seja por casamento, nascimento de filhos, luto, acidentes ou mudanças inesperadas —, ele pode agir por conta própria para manter a equipe estável.
Cada um desses episódios reforçou minha convicção de que a liderança se revela nos momentos de ausência.
Boas práticas que vivenciei e aprendi
Dessa experiência, extraí alguns aprendizados que recomendo a qualquer líder:
- Identifique potenciais substitutos: observe quem demonstra perfil de liderança e prepare essas pessoas.
- Delegue responsabilidades gradualmente: deixe-os experimentar antes de uma ausência maior.
- Documente processos e protocolos: assim, qualquer substituto terá clareza sobre como agir.
- Dê autonomia e respaldo: confie nos escolhidos e comunique à equipe que eles têm autoridade.
- Valorize a iniciativa espontânea: muitas vezes, o futuro líder se revela quando você menos espera.
Conclusão
Aprendi, na prática, que ausências são inevitáveis, mas a forma como a equipe reage a elas depende do quanto o líder soube preparar o terreno.
Um bom líder não é aquele que busca ser insubstituível, mas o que forma pessoas capazes de sustentar o barco em qualquer circunstância, inclusive quando ele mesmo está passando por desafios pessoais.
No fim das contas, a maior herança que um líder pode deixar para sua equipe é a confiança de que o trabalho não para — mesmo quando ele não está presente.
E hoje, além da experiência vivida, reconheço que a ferramenta CVAT — uma metodologia de análise comportamental baseada em valores pessoais e cultura organizacional — pode beneficiar as organizações, especialmente os líderes, no desenvolvimento dessas boas práticas de preparação, delegação e sucessão, de modo estruturado e personalizado conforme cada tipo de negócio de mercado.
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